Cronologia
VILA
ROMANA. Do anteriormente dito, concluo que os Fontanenses, não foram
agricultores, mas criadores de gado. A agricultura foi marginal e direcionada à
criação de pastagens.
A
origem da criação de gado, remonta aos tempos Celtas. Ou de antes. A certa
altura chegam os Romanos. E incrementaram esta atividade.
Com
Júlio César, vieram de Roma para a Espanha, muitas famílias a ele associadas e
da sua clientela. Uma dessas famílias pode ter assentado nestes sítios, e aqui
criado uma Vila: um empreendimento agropecuário. Pode mesmo ter sido a família
GALA, que Jaques Pirene aponta como sendo da clientela de César e que com ele
veio para a Espanha.
Ora
em S. Pedro de Arcos, aparece um lugar com este nome: Gala, Lugar da Gala.
Lembro-me que o meu Pai chamava ao caminho que vem da Vitória para o Rebordelo:
QUINGOSTA DA GALA.
A
verdade é que esta família existiu em Roma, parece que proveniente de Creta, e
veio para Espanha com Júlio César. A mulher do imperador Teodósio, que era
espanhol, chamava-se Gala Plácida, e uma filha também.
Esta
exploração pecuária, ter-se-á desenvolvido muito no tempo do imperador Cláudio,
quando este pôs na região da Galiza algumas das bases de abastecimento às legiões
romanas, que operavam na conquista da Grã-Bretanha. Nessa altura devem ter sido
construídas as pontes do Arquinho na Veiga das Patas, a ponte sobre o rio
Esturãos na Veiga de Cima, e também outra ponte de Esturãos naquela freguesia.
Pode ter sido nessa altura, que o rio começou a ficar podre, consequência da
indústria das carnes.
No
tempo dos Romanos o trabalho era esclavagista. Isto tornou possível a abertura
do rio da Vala que atravessa a Veiga da Anta, e sobre o rio foi construída a
Ponte Nova, no caminho de Ponte de Lima.
A
ideia de abrir a vala deve ter tido como finalidade a produção, aumento e
melhoramento das pastagens e, talvez, o combate ao paludismo. Deve ter
acontecido no tempo do imperador Teodósio. Provavelmente esta exploração estava
naquele tempo, na sua posse, quem sabe se pelo seu casamento com Gala Plácida.
Depois
vieram os Suevos e as respetivas convulsões. De qualquer modo foram meros
comensais na mesa Romana.
No
séc. VIII, chegaram os Árabes. Apresentaram-se como libertadores. Suprimiram
toda a classe dirigente anterior, e libertaram os escravos. Por isso parece
terem sido bem-recebidos e aceites.
Os
antigos escravos puderam tomar nas suas mãos os seus destinos. Libertos dos
antigos senhores, continuaram a explorar a Vila, agora por sua conta. E parecem
ter dado conta do recado e assegurado a continuidade, a julgar pela
continuidade da toponímia. A Vila Romana manteve-se, sem os antigos senhores.
Entretanto
chega o séc. IX, e os Normandos. A vida, também por aqui, deve ter-se tornado
um verdadeiro inferno: assaltos, pirataria, insegurança, pilhagem e matanças.
Cativos, sequestrados, perseguidos…. Vendidos como escravos para o norte de
África e outras paragens.
Os
muçulmanos retiram para o Sul. A sociedade reorganiza-se. Cada um, entregue à
sua sorte. Falta uma autoridade. As populações ficam desprotegidas,
desamparadas.
Parece,
no entanto, que a nossa Vila não se desorganizou totalmente. Provavelmente
buscou refúgio na Serra de Arga. E foi-se aguentando. Foi provavelmente nesta
altura, que apareceu um novo homónimo: o lugar do Retiro, como ponto de
encontro dos vizinhos, para se retiraram para o refúgio da serra.
Retirados
os invasores, os vizinhos voltavam e a vida continuava. Entretanto os Normandos
mudam de atitude, tornam-se cristãos. Exploram as salinas de Aveiro,
transformam-se em mercadores e trocam a pirataria pelo comércio. Foi possível o
entendimento e renasceu a prosperidade. Os Piratas de ontem, são agora,
comerciantes e clientes. A antiga fúria guerreira mantém-se, mas dirigida,
agora contra os Mouros.
O
VALO revive e fervilha de atividade. O antigo comércio das carnes
intensifica-se. A indústria das vísceras, para a alimentação dos locais, floresce.
É a indústria da Dobrada.
Os
reis das Astúrias aproveitam a oportunidade, e enviam para cá os seus Presores.
Deitam a mão interesseira a estas gentes desorganizadas e impõem a sua
autoridade a todo o território da Galiza. Surge S. Tiago de Compostela e as
suas peregrinações.
Das
terras donde tinham vindo antes, piratas e comerciantes, vem agora Cruzados,
mas sempre clientes. Abastecem-se e marcam ponto de encontro para outras
incursões, ou para seguirem mais além.
A
antiga Vila reparte-se em três. Mas, FONTÃO paga ao fisco o dobro. Porquê?
A
prosperidade reinou pelos Séc. XI e XII.
Os
primeiros tempos da monarquia portuguesa exigiram do rei segurança nos
caminhos, como condição do acabamento do fisco.... É o que explica a presença
dos Serenos, em FONTÃO.
Com
D. Afonso III aparece a cidade de Viana. O gado desta região passou a ser
abatido nesta cidade. A Vila de Fontão recebe um golpe mortal. O comércio da
carne transfere-se. A indústria das vísceras desaparece. Os lucros passam para
outras mãos. Foi o fim da Vila Romana. O rio deixou de ser podre. E tornou -se,
saudosamente, no rio do Talho. E o Talho foi-se escondendo, escondendo… no
subconsciente esquecido dos Fontanenses, até se tornar num fóssil, morto, mas
que incomoda. Um ENIGMA que perturba.
6 de maio, de 2013
Anselmo C. Vieira
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