O mais antigo Fontanense
Chamava-se Ansedes ou Ancedes, o habitante mais
antigo de Fontão, de quem se conserva memória. Vivia no lugar do Souto. Numa
quintinha que, embora retalhada pela estrada nacional do Séc. XIX, ainda se
conserva, fraccionada em dois pedaços. Num deles conserva-se uma casa bastante
antiga, sem dúvida habitação do Senhor, mas que serviu nos meus tempos de
criança como Posto de Ensino da Escola Primária.
Ansedes, possivelmente nobre e guerreiro, movia-se
entre as terras de Ponte de Lima e as de Vila do Conde, era contemporâneo de D.
Afonso Henriques, e vivia ao seu serviço.
Em que serviria Ansedes o seu Rei?
D. Afonso Henriques, ainda Conde, comprometera-se
com as gentes de Ponte de Lima, em troca da fidelidade dos Limianos, na
segurança dos Caminhos, ao tempo infestados de bandoleiros, piratas e toda a
espécie de ladrões e salteadores.
Ansedes encarregar-se-ia, muito provavelmente, de
dar cumprimento a esse compromisso, por encargo do Príncipe.
Mas os documentos apresentam-no, também, como
fundador do Mosteiro de Refojos do Lima.
Seria, então, Ansedes, além de guerreiro, também
monge? Ou simples Clérigo? Que os havia ao tempo, até sem “Ordens Menores”, e
que se dedicavam a serviços hoje desempenhados por funcionários públicos.
Se era monge, pertencia ao Mosteiro de S. João de
Arga. E dele se serviu D. Afonso para transferir o dito Mosteiro para lugar
mais condizente com os tempos…
Dessa missão, se encarregou também o nosso Ansedes.
E deve tê-lo conseguido, a contento de seu amo, embora nem todos os monges
concordassem com a dita transferência. Alguns ficaram, pois, dois séculos
passados, ainda os Monges de Refojos pagavam “Foros” à casa mãe de S. João
D’Arga.
É assim como Ansedes surge como fundador do
Mosteiro de Refojos do Lima. Certamente como intermediário do Rei e na sua
qualidade de Monge, Clérigo ou alto funcionário.
09/01/2007
Anselmo Vieira
Arqueólogo
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