domingo, 28 de abril de 2019

Brutónia


Brutónia

Brutónia ou Bretónia. Cidade que existiu no Minho. Marca o início e o fim da romanização do povo galego. Mas terá existido mesmo?
Os historiadores Romanos, que narram os fatos, atribuem-na a Décimo Júnio Bruto, que a terá
fundado, na margem direita do Rio Lima, no local onde realizou a célebre travessia. Mas da cidade chegou a perder-se a memória, até do sítio onde foi edificada. No entanto, parece ter gozado duma certa notoriedade até ao fim do império romano. Parece que chegou a ser cátedra dum Bispo ou Abade que nela se refugiou no início da Idade Média, perseguido pelos Normandos, que o atacaram no seu Mosteiro ou Diocese, por terras de Escócia.
Mas, a cidade tinha de tal modo caído no esquecimento, que nem o sítio do seu assento era lembrado. E a sua memória ficou tão apagada, que só através da memória do tal Bispo ou Abade voltou a ser lembrada.
Quem terá sido o responsável de tal apagão?
No meu entender, o mesmo deu-se por alturas do início da Idade Média, coincidindo com a Idade das Trevas, ou medieval. Mais ou menos, nos tempos das primeiras invasões Viquingues nesta região. E terá sido vítima esta cidade, da fúria selvagem destes piratas que puseram toda a região da Galiza a ferro e fogo. De tal modo atacaram e arrasaram a cidade, que não ficou viva alma e até o seu acento ficou irreconhecível. E hoje os historiadores, não se põem de acordo quanto ao mesmo. Mas ela terá existido durante todo o tempo do Império Romano e terá acompanhado toda a romanização do povo Galego.
Pesquisei todos os nomes das terras da margem direita do Rio Lima e constatei que só Bertiandos tem alguma sonoridade de Brotónia ou Britónia. E concluo que a antiga Britónia incluiria as atuais freguesias de Bertiandos, Sá, Sta. Comba e até Moreira e Estorãos. Se é que não seria o nome primitivo da localidade de Ponte de Lima, sobretudo o lugar de Além da Ponte.
Dizem os filólogos e outros sábios da Linguística que o termo Brutónia, nunca poderia derivar para Bertiandos. Mas é o mais parecido.
Os culpados não deixaram ninguém para testemunhar. Não houve continuidade da memória por falta de continuidade da povoação. Resta um vislumbre, uma vaga reminiscência, uma deturpação. O mais aproximado que se conseguiu de alguém com uma vaga ideia…

Anselmo Vieira

(Arqueólogo)

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