domingo, 28 de abril de 2019

D. Afonso Henriques e S. Bernardo de Claraval

Afonso Henriques - Soares dos Reis

D. Afonso Henriques e S. Bernardo de Claraval

Discutem, hoje, muitos historiadores, e outros curiosos da história portuguesa, se D. Afonso Henriques era o verdadeiro descendente, filho do Conde D. Henrique e de Dona Teresa, ou um outro qualquer, que se apresentou como tal.
Trata-se de uma questão de legitimidade. E tal questão, não me interessa. Só quero saber, do verdadeiro Afonso Henriques da História, aquele que se apresentou como tal, o “Ducis Portucalensis”, na conferência da Zamora, no ano de mil cento e quarenta e três. Conferência que foi presidida por S. Bernardo de Claraval, representando o Papa de Roma; e por Afonso VII, rei de Leão e Castela, representando os Reinos Cristãos das Espanhas.
Ali, em Zamora, tratou-se de vincular os Reinos Cristãos das Espanhas, aos poderes de Roma, não como a capital do antigo império, mas à autoridade da nova Europa, que emergia, e da qual S. Bento é considerado o fundador, e S. Bernardo quer impulsionar.
S. Bernardo deve ter simpatizado com o “Ducis Portucalensis”, e escolheu-o como um dos esteios e executores das suas ideias, para a cristandade europeia.
De fato, aquele “Ducis”, dominava um território estratégico, ao longo da costa atlântica, que devia ser apoiado, libertado e defendido para assegurar os movimentos das forças cristãs em direcção à Terra Santa.
E resolve transformá-lo em rei.
Para tal, convence aquele homem, na casa dos cinquenta anos, a prescindir da família, mulher e filhos. E nobilita-o, casando-o com Dona Mafalda de Saboia, o que fará dele um “Rei”, aparentando-o com a melhor nobreza europeia.
Afonso VII resmungou. Mas S. Bernardo, expedito, dá-lhe o nome de Imperador de todas as Espanhas. E convence-o de que um imperador, só o será plenamente, se for suserano de reis.
De seguida, dá ao novo “soberano”, um séquito de Conselheiros: Sete Monges Templários e um grupo numeroso de Monges Beneditinos, com os quais fundará o Mosteiro de Alcobaça.
E foi assim, que o Príncipe Português, levado pelas mãos de S. Bernardo, esteve na formação da Europa, que se criava sob a autoridade do Príncipe da Cristandade, O Papa de Roma.
Os Galegos do Norte não aderiram. Depois de muitos titubeios, deixaram-se enredar pela ideia de uma Espanha unida. Não se deram conta que tal ideia, nem espanhola é. Foi imposta aos Espanhóis pela Roma imperial e, depois, pelos Visigodos.
Mas numa, se impôs verdadeiramente. E hoje é, apenas, italiana. O fato é que os mesmos Galegos sofrem “rejeição”, dentro da pátria espanhola; sobretudo em Castela.
Que o diga Rosalia de Castro. Basta ler os seus queixumes. Eu mesmo senti esta rejeição, no meu convívio, por terras de Espanha.
A esta sensação de não pertença, que alguns chamam de independentismo, está sempre à flor da pele, e pronta a dilacerar a pretensa unidade peninsular. Veja-se o país Basco. Veja-se a Catalunha.

14-04-2019
Anselmo Vieira


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