Afonso Henriques - Soares dos Reis
D. Afonso Henriques e S. Bernardo de Claraval
Discutem, hoje, muitos historiadores, e outros
curiosos da história portuguesa, se D. Afonso Henriques era o verdadeiro
descendente, filho do Conde D. Henrique e de Dona Teresa, ou um outro qualquer,
que se apresentou como tal.
Trata-se de uma questão de legitimidade. E tal
questão, não me interessa. Só quero saber, do verdadeiro Afonso Henriques da
História, aquele que se apresentou como tal, o “Ducis Portucalensis”, na
conferência da Zamora, no ano de mil cento e quarenta e três. Conferência que
foi presidida por S. Bernardo de Claraval, representando o Papa de Roma; e por
Afonso VII, rei de Leão e Castela, representando os Reinos Cristãos das
Espanhas.
Ali, em Zamora, tratou-se de vincular os Reinos
Cristãos das Espanhas, aos poderes de Roma, não como a capital do antigo
império, mas à autoridade da nova Europa, que emergia, e da qual S. Bento é
considerado o fundador, e S. Bernardo quer impulsionar.
S. Bernardo deve ter simpatizado com o “Ducis
Portucalensis”, e escolheu-o como um dos esteios e executores das suas ideias,
para a cristandade europeia.
De fato, aquele “Ducis”, dominava um território
estratégico, ao longo da costa atlântica, que devia ser apoiado, libertado e
defendido para assegurar os movimentos das forças cristãs em direcção à Terra
Santa.
E resolve transformá-lo em rei.
Para tal, convence aquele homem, na casa dos
cinquenta anos, a prescindir da família, mulher e filhos. E nobilita-o,
casando-o com Dona Mafalda de Saboia, o que fará dele um “Rei”, aparentando-o
com a melhor nobreza europeia.
Afonso VII resmungou. Mas S. Bernardo, expedito,
dá-lhe o nome de Imperador de todas as Espanhas. E convence-o de que um
imperador, só o será plenamente, se for suserano de reis.
De seguida, dá ao novo “soberano”, um séquito de
Conselheiros: Sete Monges Templários e um grupo numeroso de Monges Beneditinos,
com os quais fundará o Mosteiro de Alcobaça.
E foi assim, que o Príncipe Português, levado pelas
mãos de S. Bernardo, esteve na formação da Europa, que se criava sob a
autoridade do Príncipe da Cristandade, O Papa de Roma.
Os Galegos do Norte não aderiram. Depois de muitos
titubeios, deixaram-se enredar pela ideia de uma Espanha unida. Não se deram
conta que tal ideia, nem espanhola é. Foi imposta aos Espanhóis pela Roma
imperial e, depois, pelos Visigodos.
Mas numa, se impôs verdadeiramente. E hoje é,
apenas, italiana. O fato é que os mesmos Galegos sofrem “rejeição”, dentro da
pátria espanhola; sobretudo em Castela.
Que o diga Rosalia de Castro. Basta ler os seus
queixumes. Eu mesmo senti esta rejeição, no meu convívio, por terras de
Espanha.
A esta sensação de não pertença, que alguns chamam
de independentismo, está sempre à flor da pele, e pronta a dilacerar a pretensa
unidade peninsular. Veja-se o país Basco. Veja-se a Catalunha.
14-04-2019
Anselmo Vieira
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