quarta-feira, 3 de abril de 2019

O ENCONTRO


O ENCONTRO

Não se sabe o lugar da travessia do Rio Lima. Mas há uma tradição que diz que o general Romano terá tentado uma fundação, do lado direito do rio, no lugar da travessia, e lhe terá dado o nome de Bretónia, em alusão ao seu nome: Bruto. Eu concluo, então, que esse sítio será Bertiandos, nome actual, que por evolução linguística e, ou, fonética, terá derivado de Bretónia para Bertiandos, por evolução cuja explicação, deixo para pessoa mais erudita. Há mesmo outra tradição que fala duma Bretónia, de cuja localização se desconhece, por dela se ter perdido a memória. Mas se presumia na região do Lima, talvez Bertiandos e que teria chegado a ser sede dum bispado, na Alta Idade Média.
Para uma travessia a vau, este lugar seria o mais indicado, pois é este o ponto morto do rio, entre as correntes que vem de montante e as influências das marés que sobem o rio até Fontão.
O ponto de chegada do exército Romano atingiu o Rio Minho em S. Pedro da Torre, e combateu-se, desde a freguesia do Cerdal até ao Rio Minho, em campo aberto, e terreno chão.
A História fala de vitória Romana. Mas eles à vista da cidade de Tui, seu objetivo, não se atreveram a atacar. Desistiram rapidamente e retrocederam, apressados. No campo de Cerdal, vi ainda, as duas mamoas. Restos das das cerimónias fúnebres, feitas aos mortos; e que parecem mais homenagens Celtas, que Romanas. No mesmo terreiro de combate celebra-se, todos os anos, a festa de todos os Santos e uma ermida, que bem pode ser a continuadora de algum santuário pagão.
Mas, os Romanos, ficaram impressionados com as roupas garridas das mulheres galegas, e cores vivas e bem combinadas, na sua variedade. Levaram para Roma os processos da sua produção e confeção. E sabendo que os naturais daqui usavam para fixar as cores vivas, urina humana que juntavam em vasilhas, não se limitaram a copiar os métodos de produção, mas importavam a própria urina, desta região de Espanha, pensando que a sua capacidade de fixar as cores, seria específica sua.
O certo é que os Romanos não mais deixaram os Galegos em paz. Acabaram por submetê-los à sua Lei. E os Galegos, tornados cidadãos Romanos, foram tão fiéis que mesmo quando se tornaram Cristãos, fizeram-no, não por Fé ou pureza de Fé, mas por imitar Roma, como se nota nos Cânones dos Concílios de Braga, mesmo no tempo dos Suevos, quando Roma já não tinha força para impor as suas Leis. E quando os abandonou de todo, no tempo de Genserico. Este, ao mesmo tempo que assaltava Roma, destruiu e arrasou as terras do Norte de Portugal e Galiza, desde a Figueira da Foz, até à Corunha. Foi tão atroz esta destruição, que o modo de viver nestas regiões se mudou completamente, assim como os povoados. Os galegos não souberam nem puderam defender-se.
Ficou a memória traumática de palavras como: Vândalo, Vandalismo, Vandalho, Bandido, Banditismo, etc., com tudo de selvático que esses termos significam.
Parece que os Galegos nunca mais souberam formar um governo próprio, desde que Agripa, General de Augusto, reprimiu os seus parentes das Astúrias, matando todos os homens capazes de remanejar armas. Os Romanos chegaram com Décio Júnio Bruto, no ano de 185 antes de Cristo. Foram dados como ausentes por falta de comparência, no ataque de Genserico. Pior, surpreendidos como aliados do inimigo, no ataque deste aos Suevos, defensores do povo Galego.

20 de maio, de 2014

Anselmo Vieira

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