O ENCONTRO
Não
se sabe o lugar da travessia do Rio Lima. Mas há uma tradição que diz que o
general Romano terá tentado uma fundação, do lado direito do rio, no lugar da
travessia, e lhe terá dado o nome de Bretónia, em alusão ao seu nome: Bruto. Eu
concluo, então, que esse sítio será Bertiandos, nome actual, que por evolução
linguística e, ou, fonética, terá derivado de Bretónia para Bertiandos, por
evolução cuja explicação, deixo para pessoa mais erudita. Há mesmo outra
tradição que fala duma Bretónia, de cuja localização se desconhece, por dela se
ter perdido a memória. Mas se presumia na região do Lima, talvez Bertiandos e que
teria chegado a ser sede dum bispado, na Alta Idade Média.
Para
uma travessia a vau, este lugar seria o mais indicado, pois é este o ponto
morto do rio, entre as correntes que vem de montante e as influências das marés
que sobem o rio até Fontão.
O
ponto de chegada do exército Romano atingiu o Rio Minho em S. Pedro da Torre, e
combateu-se, desde a freguesia do Cerdal até ao Rio Minho, em campo aberto, e
terreno chão.
A
História fala de vitória Romana. Mas eles à vista da cidade de Tui, seu
objetivo, não se atreveram a atacar. Desistiram rapidamente e retrocederam,
apressados. No campo de Cerdal, vi ainda, as duas mamoas. Restos das das
cerimónias fúnebres, feitas aos mortos; e que parecem mais homenagens Celtas,
que Romanas. No mesmo terreiro de combate celebra-se, todos os anos, a festa de
todos os Santos e uma ermida, que bem pode ser a continuadora de algum
santuário pagão.
Mas,
os Romanos, ficaram impressionados com as roupas garridas das mulheres galegas,
e cores vivas e bem combinadas, na sua variedade. Levaram para Roma os
processos da sua produção e confeção. E sabendo que os naturais daqui usavam
para fixar as cores vivas, urina humana que juntavam em vasilhas, não se
limitaram a copiar os métodos de produção, mas importavam a própria urina,
desta região de Espanha, pensando que a sua capacidade de fixar as cores, seria
específica sua.
O
certo é que os Romanos não mais deixaram os Galegos em paz. Acabaram por
submetê-los à sua Lei. E os Galegos, tornados cidadãos Romanos, foram tão fiéis
que mesmo quando se tornaram Cristãos, fizeram-no, não por Fé ou pureza de Fé, mas
por imitar Roma, como se nota nos Cânones dos Concílios de Braga, mesmo no
tempo dos Suevos, quando Roma já não tinha força para impor as suas Leis. E
quando os abandonou de todo, no tempo de Genserico. Este, ao mesmo tempo que
assaltava Roma, destruiu e arrasou as terras do Norte de Portugal e Galiza,
desde a Figueira da Foz, até à Corunha. Foi tão atroz esta destruição, que o
modo de viver nestas regiões se mudou completamente, assim como os povoados. Os
galegos não souberam nem puderam defender-se.
Ficou
a memória traumática de palavras como: Vândalo, Vandalismo, Vandalho, Bandido,
Banditismo, etc., com tudo de selvático que esses termos significam.
Parece
que os Galegos nunca mais souberam formar um governo próprio, desde que Agripa,
General de Augusto, reprimiu os seus parentes das Astúrias, matando todos os
homens capazes de remanejar armas. Os Romanos chegaram com Décio Júnio Bruto,
no ano de 185 antes de Cristo. Foram dados como ausentes por falta de
comparência, no ataque de Genserico. Pior, surpreendidos como aliados do
inimigo, no ataque deste aos Suevos, defensores do povo Galego.
20 de maio, de 2014
Anselmo Vieira
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