domingo, 28 de abril de 2019

A minha vida é um Rio


A minha vida é um Rio

Um dia soltei amarras,
Que me prendiam à margem.
E abandonei meus cuidados.
Deixei-me levar na corrente,
E a vogar meu barquinho,
Ultrapassei o Bugio.
E sempre, sempre a sonhar,
Encontrei-me baloiçando,
Nas ondas do Alto Mar.
Enfunei velas ao vento,
Dirigi a proa ao Sul,
Caminho de Gil Eanes…

Perdido no imenso mar
Via baleias respirar…
E os irrequietos Golfinhos,
À minha volta a brincar.
E quais gafanhotos marinhos
Peixes voadores, festivos, pareciam
Minha aventura festejar.
Enquanto o sol tropical
Em suor me fazia arfar…
Vi o perfil das Canárias,
Sonhei, sonho de Afonso IV…
E continuei a rumar.
Caminho do Equador
Caminhos de Diogo Cão,

Que ao Congo me iriam levar,
E do Congo, ver a luta,
Investindo contra o mar,
Até bem dentro do mar!

Cansado já do caminho,
Desejando descansar,
Virei a proa a Nascente.
Fui descansar a Luanda.
Salvador Correia de Sá,
Eu estive na tua Baía…
Bela cidade de Luanda,
Onde estiveste um dia.

E, em Luanda, cheirei África…
O seu cheiro a colmo podre…
Em tempestade de verão.

Abril – 2019

Anselmo Vieira

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