Charles Chaplin, in "Tempos Modernos"
Os desocupados
Li
algures, na vida do imperador Nero, que em certa ocasião se lhe apresentou um inventor,
a pedir-lhe o patrocínio, de certa máquina que tinha inventado. E argumentava
que era uma máquina tão importante pela sua eficiência, que produzia o trabalho
de cerca de quinhentos operários. Não recordo que máquina fosse. Mas parece-me,
que servia nos trabalhos agrícolas, não sei se para arar a terra, se para
ceifar as searas.
O
imperador terá pensado uns tempos; e, após a reflexão negou o subsídio.
Estranhou-lho
o proponente, e disse-lhe:
-
Então negas ajuda para uma máquina que te pode vir a trazer tanta riqueza, poupando-te
os gastos, de tantos assalariados?...
Ao
que o imperador terá retorquido:
-
E que farei a vinte e cinco milhões de escravos que há no império?
Hoje
em dia, os inventos sucedem-se em catadupa; os robots, os drones e outras máquinas
que tais, qualquer dia unem aos nossos ouvidos como moscas, até como elas, nos incomodarem.
Substituem
o trabalho humano e não produzem riqueza, mas desocupados. Incomoda-me a
insensibilidade cruel com que qualquer “borra botas”, ou idiota inventa, sem
pensar nos infelizes que caem na condição de desocupados e sem hipótese alguma,
de autorrealização.
Maio, 2019
Anselmo Vieira
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