domingo, 15 de setembro de 2019

O enigma de Filipe II


O enigma de Filipe II

Dizem que, tendo-se Filipe II apoderado do Reino de Portugal, terá sido confrontado por um admirador seu, que lhe perguntou como o conseguira. Respondeu o Rei Castelhano:
- O Reino de Portugal herdei-o, comprei-o e conquistei-o.
Todos sabemos ou poderemos saber, como o herdou, e como o conquistou. Mas, como o comprou, já não é tão claro…
A que se referia o Rei, quando afirmava que o comprou?
E a quem o comprou?
D. Sebastião, a quem o Cardeal D. Henrique chamava depreciativamente de “o Rapaz”, perdeu o seu Reino em Alcácer Quibir.
Uns dizem que morreu na batalha, outros simplesmente que se perdeu nas fileiras inimigas, o que, atendendo ao seu temperamento, é muito natural, e nelas desapareceu.
Visitei Marrocos. Estive em Alcácer Quibir. Falei com marroquinos cultos. Perguntei-lhes por D. Sebastião, o nosso Rei Menino. E, todos me afirmaram que o Rei Sebastião não tinha morrido ali. E mais, que não tinha morrido sequer, em Marrocos.
Não me lembrei de lhes perguntar, onde morrera então? Mas sempre me disseram, que para os Marroquinos, o Rei Sebastião era mais útil vivo, que morto…
Lembrei-me então, das minhas leituras que se referiam a D. Fernando de Castro, companheiro de infância e de juventude, de D. Sebastião, e que já adulto, ouvindo dizer que seu Rei vivia no norte de Itália, empreendeu uma viagem para o verificar. Que o encontrou, conversou com ele e testemunhou, em livro, o estado de alma, do antigo companheiro e amigo real.
Entretanto, continuei a minha peregrinação a Marrocos. Fui à cidade de Mecne, capital do vencedor de Alcácer Quibir, onde o meu guia me disse, se iniciara o reinado da atual dinastia, os “Alauítas”. A cidade ainda hoje é magnífica. E as ruínas da cidade, ainda revelam a antiga magnificência. As ruínas dos seus palácios, e o que resta da imponência das suas cavalariças, onde guardava dez mil cavalos, puro sangue árabe.
E eu, confuso, perguntava-me: Como é que um Sultão de um país pobre, poderá ter gozado algum dia, de tanto luxo e esplendor?
Anos mais tarde, chegou às minhas mãos, numa revista de História, publicada em Barcelona pela “Chyo”, um pequeno trabalho de uma autora, sobe um cativo Português, homem misterioso, que falecera em Pavia, por volta de 1736, conhecido apenas como: “O Cavalheiro de Oliveira”. A autora incluía no seu trabalho, uma fotografia, cuja identificação era apenas aquela: “Cavalheiro de Oliveira”.
Olhei para a fotografia, era perfeitamente idêntica à fotografia de Carlos V, de antes da sua morte. Em posição idêntica, como se sentado na mesma cadeira, vestindo as mesmas armaduras. E D. Sebastião era neto de Carlos V., daí as parecenças…
D. Fernando de Castro, afinal estava certo.

Filipe II, escolhido para mediar o resgate dos cativos de Alcácer Quibir, comprou D. Sebastião ao Rei de Marrocos, e com ele, Portugal.
E isto, explicaria e riqueza daquele Rei Marroquino e, a falência do tesouro Castelhano, pelo visto, a primeira da História, quando as naus Castelhanas chegaram da América a Sevilha, a abarrotar de ouro…
A Portugal?
Comprei-o….
E, o enigma está desvendado.

Anselmo Vieira

2015

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