O
enigma de Filipe II
Dizem
que, tendo-se Filipe II apoderado do Reino de Portugal, terá sido confrontado por
um admirador seu, que lhe perguntou como o conseguira. Respondeu o Rei
Castelhano:
-
O Reino de Portugal herdei-o, comprei-o e conquistei-o.
Todos
sabemos ou poderemos saber, como o herdou, e como o conquistou. Mas, como o
comprou, já não é tão claro…
A
que se referia o Rei, quando afirmava que o comprou?
E
a quem o comprou?
D.
Sebastião, a quem o Cardeal D. Henrique chamava depreciativamente de “o Rapaz”,
perdeu o seu Reino em Alcácer Quibir.
Uns
dizem que morreu na batalha, outros simplesmente que se perdeu nas fileiras inimigas,
o que, atendendo ao seu temperamento, é muito natural, e nelas desapareceu.
Visitei
Marrocos. Estive em Alcácer Quibir. Falei com marroquinos cultos. Perguntei-lhes
por D. Sebastião, o nosso Rei Menino. E, todos me afirmaram que o Rei Sebastião
não tinha morrido ali. E mais, que não tinha morrido sequer, em Marrocos.
Não
me lembrei de lhes perguntar, onde morrera então? Mas sempre me disseram, que
para os Marroquinos, o Rei Sebastião era mais útil vivo, que morto…
Lembrei-me
então, das minhas leituras que se referiam a D. Fernando de Castro, companheiro
de infância e de juventude, de D. Sebastião, e que já adulto, ouvindo dizer que
seu Rei vivia no norte de Itália, empreendeu uma viagem para o verificar. Que o
encontrou, conversou com ele e testemunhou, em livro, o estado de alma, do
antigo companheiro e amigo real.
Entretanto,
continuei a minha peregrinação a Marrocos. Fui à cidade de Mecne, capital do
vencedor de Alcácer Quibir, onde o meu guia me disse, se iniciara o reinado da
atual dinastia, os “Alauítas”. A cidade ainda hoje é magnífica. E as ruínas da
cidade, ainda revelam a antiga magnificência. As ruínas dos seus palácios, e o
que resta da imponência das suas cavalariças, onde guardava dez mil cavalos,
puro sangue árabe.
E
eu, confuso, perguntava-me: Como é que um Sultão de um país pobre, poderá ter gozado
algum dia, de tanto luxo e esplendor?
Anos
mais tarde, chegou às minhas mãos, numa revista de História, publicada em Barcelona
pela “Chyo”, um pequeno trabalho de uma autora, sobe um cativo Português, homem
misterioso, que falecera em Pavia, por volta de 1736, conhecido apenas como: “O
Cavalheiro de Oliveira”. A autora incluía no seu trabalho, uma fotografia, cuja
identificação era apenas aquela: “Cavalheiro de Oliveira”.
Olhei
para a fotografia, era perfeitamente idêntica à fotografia de Carlos V, de
antes da sua morte. Em posição idêntica, como se sentado na mesma cadeira,
vestindo as mesmas armaduras. E D. Sebastião era neto de Carlos V., daí as
parecenças…
D.
Fernando de Castro, afinal estava certo.
Filipe
II, escolhido para mediar o resgate dos cativos de Alcácer Quibir, comprou D. Sebastião
ao Rei de Marrocos, e com ele, Portugal.
E
isto, explicaria e riqueza daquele Rei Marroquino e, a falência do tesouro
Castelhano, pelo visto, a primeira da História, quando as naus Castelhanas
chegaram da América a Sevilha, a abarrotar de ouro…
A
Portugal?
Comprei-o….
E,
o enigma está desvendado.
Anselmo Vieira
2015
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