0 Entrudo Minhoto tem as caraterísticas
do Carnaval de toda a Galiza e o Limiano nele se inclui.
Alongam-se as suas origens aos fins do
séc. oitavo, princípios do séc. nono.
Os Muçulmanos procediam à inclusão
desta região e de suas gentes na esfera da sua influência. Mas, são
surpreendidas pelos barcos Vikings que sobem rio acima.
Eram os Normandos que
assaltavam, matavam, sequestravam e roubavam numa ferocidade incontida, sem dó
nem piedade.
A Galiza despovoa-se porque os que
podem fogem. Em breve toda a população se reduz a pouco mais que duzentos mil
habitantes.
Tentam os mouros resistir, mas
inutilmente, porque os Normandos surgem, destroem e desaparecem em seguida.
Isto uma e outra vez, repetidamente Os árabes retiram para o sul. Ficam os
Naturais, que na região do Lima se devem ter refugiado na Serra d'Arga.
Reparando que os invasores tão depressa
apareciam como se afastavam em seguida, esgueiravam-se para a Serra, quando
surgiam, rio acima e regressando aos seus campos e culturas, quando se
afastavam. Com eles tangiam os seus gados ora fugindo, ora regressando.
Vive-se uma ausência de poder central,
donos únicos dos seus destinos, entregues à sua sorte.
Talvez porque os Normandos se deram
conta de que a colheita por "razia" vendia pouco, procuraram o entendimento
e optaram pelo comércio, de carnes certamente porque era a pecuária a atividade
dos povoadores da região. E entenderam-se com vantagens mútuas.
Sem poder central eram os invasores
estrangeiros que ditavam as leis. Vinham nos fins do outono e enchiam de carnes
e peles os seus barcos. Ao terminar o inverno, estavam prontos a regressar às
suas terras de origem.
Havia festa de despedida. Assinavam ou
davam o seu último "aval" aos seus contratos. Satisfeitos com os seus
negócios procediam ao acordo final e preparavam a partida.
Religiosos, temiam os deuses protetores
e a fúria dos espíritos dos animais abatidos e realizavam uma Solenidade de
Expiação... para desafrontarem os deuses e pedirem perdão aos espíritos das
reses abatidas.
De seguida disfarçavam-se com máscaras,
ou ensarranhavam os rostos, de carvão. Envergavam vestes trocadas para que os
espíritos dos animais não reconhecessem o seu matador e o perseguissem. Luziam
chifres com o mesmo fito. E buzinavam insistentemente para assustar e espantar
esses mesmos espíritos. E zarpavam, rapidamente, fugindo do lugar do massacre,
embrenhando-se por ''mar fora".
Contentes... as gentes da terra,
refastelavam-se com os restos não comerciáveis das suas reses, e entregavam-se
a danças e pantominas.
São pois, escandinavas as origens do
nosso Entrudo Limiano, desenvolveram-se e formaram- se do séc. nono ao décimo
primeiro e manteve-se até ao nosso tempo.
Anselmo
Vieira (Arqueólogo)
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