quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O Entrudo Minhoto




0 Entrudo Minhoto tem as caraterísticas do Carnaval de toda a Galiza e o Limiano nele se inclui.
Alongam-se as suas origens aos fins do séc. oitavo, princípios do séc. nono.
Os Muçulmanos procediam à inclusão desta região e de suas gentes na esfera da sua influência. Mas, são surpreendidas pelos barcos Vikings que sobem rio acima.
Eram os Normandos que assaltavam, matavam, sequestravam e roubavam numa ferocidade incontida, sem dó nem piedade.
A Galiza despovoa-se porque os que podem fogem. Em breve toda a população se reduz a pouco mais que duzentos mil habitantes.
Tentam os mouros resistir, mas inutilmente, porque os Normandos surgem, destroem e desaparecem em seguida. Isto uma e outra vez, repetidamente Os árabes retiram para o sul. Ficam os Naturais, que na região do Lima se devem ter refugiado na Serra d'Arga.
Reparando que os invasores tão depressa apareciam como se afastavam em seguida, esgueiravam-se para a Serra, quando surgiam, rio acima e regressando aos seus campos e culturas, quando se afastavam. Com eles tangiam os seus gados ora fugindo, ora regressando.
Vive-se uma ausência de poder central, donos únicos dos seus destinos, entregues à sua sorte.
Talvez porque os Normandos se deram conta de que a colheita por "razia" vendia pouco, procuraram o entendimento e optaram pelo comércio, de carnes certamente porque era a pecuária a atividade dos povoadores da região. E entenderam-se com vantagens mútuas.
Sem poder central eram os invasores estrangeiros que ditavam as leis. Vinham nos fins do outono e enchiam de carnes e peles os seus barcos. Ao terminar o inverno, estavam prontos a regressar às suas terras de origem.
Havia festa de despedida. Assinavam ou davam o seu último "aval" aos seus contratos. Satisfeitos com os seus negócios procediam ao acordo final e preparavam a partida.
Religiosos, temiam os deuses protetores e a fúria dos espíritos dos animais abatidos e realizavam uma Solenidade de Expiação... para desafrontarem os deuses e pedirem perdão aos espíritos das reses abatidas.
De seguida disfarçavam-se com máscaras, ou ensarranhavam os rostos, de carvão. Envergavam vestes trocadas para que os espíritos dos animais não reconhecessem o seu matador e o perseguissem. Luziam chifres com o mesmo fito. E buzinavam insistentemente para assustar e espantar esses mesmos espíritos. E zarpavam, rapidamente, fugindo do lugar do massacre, embrenhando-se por ''mar fora".
Contentes... as gentes da terra, refastelavam-se com os restos não comerciáveis das suas reses, e entregavam-se a danças e pantominas.
São pois, escandinavas as origens do nosso Entrudo Limiano, desenvolveram-se e formaram- se do séc. nono ao décimo primeiro e manteve-se até ao nosso tempo.

Anselmo Vieira (Arqueólogo)


Sem comentários:

Enviar um comentário