O Mosteiro de S. João d’Arga
O
Mosteiro de S. João D’Arga, remonta ao Séc. IX e deve-se à ação do rei, Casto,
Afonso II das Astúrias.
Este
rei, piedoso e bem-sucedido, depois de longo reinado, alargou os seus estados
até às margens do Rio Minho, conquistou e reconstruiu a cidade de Tui; e lançou
os seus olhares para a outra margem do rio.
Certamente
apercebeu-se da situação miserável das gentes que se acoitavam na Serra D’Arga
e apiedou-se delas, ou cobiçou estes horizontes. Mas não se sentia com forças
para os submeter a sua autoridade.
À
espera de melhor ocasião, envia-lhes um grupo de Monges Beneditinos, para que
preparem o terreno, oferecendo-lhes proteção.
Os
monges tiveram artes de se tornarem guias das populações locais, de as
organizarem e construíram um mosteiro em lugar recôndito da serra, de muito
difícil acesso.
Quando
nasce o Séc. X, o mosteiro já lá se encontrava. E os monges tinham executado,
com perfeição, o seu trabalho. De tal modo que, outro Rei Afonso, agora o
terceiro das Astúrias, o Grande, não teve dificuldades no envio dos seus Presores,
sobre a região do Alto Minho, agregando-a nos seus estados.
O
Rei contempla-a extasiado e orgulha-se do novo feudo, situado no “Velho Vale de Ovínia, por onde correm as
fontes”.
O
Mosteiro continuou a ser o luzeiro das gentes da região, durante toda a Idade
Média, desde o Rio Ave, à via de Vigo. Teve a sua primeira crise nos tempos de
D. Afonso Henriques, que tentou transferir os Monges para o novo Mosteiro em
Refoios do Lima.
Invocava
o Rei, que a Serra D’Arga era demasiado inóspita e já não se justificava. Os
tempos eram, agora, mais seguros.
Mas
os Monges opuseram-se. E por lá permaneciam, ainda, em finais do Séc. XVI.
Não
podemos conceber a importância do Mosteiro daquele tempo, como os concebemos
hoje em dia, numa função meramente religiosa.
O
Mosteiro era principalmente um centro administrativo de um território, com
todas as funções que hoje atribuímos às Câmaras Municipais, Governos Civis e
Juntas de Freguesia. Eram habitados por inúmeros clérigos, dotados dos mais
diversos estatutos, e que desempenhavam as funções, hoje do funcionalismo público,
cada um com a sua graduação, mas todos integrados na classe clerical.
Os
Reis serviam-se destes Mosteiros para governarem os seus territórios.
As
guerras Liberais em Portugal, tiveram também, este efeito: Secularizar esta
gente e torná-la no que são os funcionários públicos.
Também
a guerra da “Maria da Fonte” a Patuleia, não foi uma mera questão de enterrar
os mortos nas igrejas, ou fora delas; mas a disputa dos negócios à volta dos
mortos, que antes alimentavam as Igrejas e Mosteiros, como agora os que gerem
os cemitérios.
Anselmo Vieira
03-04-2019
Sem comentários:
Enviar um comentário