quarta-feira, 15 de maio de 2019

O Mosteiro de S. João d’Arga



O Mosteiro de S. João d’Arga

O Mosteiro de S. João D’Arga, remonta ao Séc. IX e deve-se à ação do rei, Casto, Afonso II das Astúrias.
Este rei, piedoso e bem-sucedido, depois de longo reinado, alargou os seus estados até às margens do Rio Minho, conquistou e reconstruiu a cidade de Tui; e lançou os seus olhares para a outra margem do rio.
Certamente apercebeu-se da situação miserável das gentes que se acoitavam na Serra D’Arga e apiedou-se delas, ou cobiçou estes horizontes. Mas não se sentia com forças para os submeter a sua autoridade.
À espera de melhor ocasião, envia-lhes um grupo de Monges Beneditinos, para que preparem o terreno, oferecendo-lhes proteção.
Os monges tiveram artes de se tornarem guias das populações locais, de as organizarem e construíram um mosteiro em lugar recôndito da serra, de muito difícil acesso.
Quando nasce o Séc. X, o mosteiro já lá se encontrava. E os monges tinham executado, com perfeição, o seu trabalho. De tal modo que, outro Rei Afonso, agora o terceiro das Astúrias, o Grande, não teve dificuldades no envio dos seus Presores, sobre a região do Alto Minho, agregando-a nos seus estados.
O Rei contempla-a extasiado e orgulha-se do novo feudo, situado no “Velho Vale de Ovínia, por onde correm as fontes”.
O Mosteiro continuou a ser o luzeiro das gentes da região, durante toda a Idade Média, desde o Rio Ave, à via de Vigo. Teve a sua primeira crise nos tempos de D. Afonso Henriques, que tentou transferir os Monges para o novo Mosteiro em Refoios do Lima.
Invocava o Rei, que a Serra D’Arga era demasiado inóspita e já não se justificava. Os tempos eram, agora, mais seguros.
Mas os Monges opuseram-se. E por lá permaneciam, ainda, em finais do Séc. XVI.
Não podemos conceber a importância do Mosteiro daquele tempo, como os concebemos hoje em dia, numa função meramente religiosa.
O Mosteiro era principalmente um centro administrativo de um território, com todas as funções que hoje atribuímos às Câmaras Municipais, Governos Civis e Juntas de Freguesia. Eram habitados por inúmeros clérigos, dotados dos mais diversos estatutos, e que desempenhavam as funções, hoje do funcionalismo público, cada um com a sua graduação, mas todos integrados na classe clerical.
Os Reis serviam-se destes Mosteiros para governarem os seus territórios.
As guerras Liberais em Portugal, tiveram também, este efeito: Secularizar esta gente e torná-la no que são os funcionários públicos.
Também a guerra da “Maria da Fonte” a Patuleia, não foi uma mera questão de enterrar os mortos nas igrejas, ou fora delas; mas a disputa dos negócios à volta dos mortos, que antes alimentavam as Igrejas e Mosteiros, como agora os que gerem os cemitérios. 
Anselmo Vieira

03-04-2019

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